A origem do projeto Nossa Fruits

Damien na Amazónia, visitando apanhadores de açaí no Brasil

As origens do projeto Nossos Frutos com Damien Binois, fundador.

Podes apresentar-te?

O meu nome é Damien, tenho 35 anos, sou de Sarthe e fundei a Nossa Fruits em 2012. Sou um apaixonado pela alimentação e pela natureza, nomeadamente pelas florestas tropicais.

Como surgiu o projeto Nossa?

Quando estava a estudar no Brasil, descobri o açaí, uma pequena baga da Amazónia com um sabor original e muitas propriedades nutricionais. Não sabia nada sobre este fruto antes, mas no Brasil é muito popular.

O que mais me chamou a atenção neste pequeno fruto foi o facto de quase toda a sua produção ser proveniente da colheita selvagem na Amazónia. Como sou apaixonada por culinária e pela floresta, quis saber mais e decidi fazer a minha tese de mestrado sobre a produção deste fruto.

Por isso, fui para Belém, no delta do Amazonas, e passei lá algumas semanas a conhecer apanhadores, cooperativas, ONG, investigadores e empresas. Apaixonei-me por esta região onde a natureza é exuberante mas ameaçada, e onde os habitantes são extremamente simpáticos mas vivem em grande pobreza.

Percebi que o açaí, por ser uma planta da Amazónia e por conter benefícios impressionantes, poderia ajudar a resolver os dois problemas da região: preservar a floresta, valorizando-a, e fornecer recursos às pessoas que lá vivem.

Por isso, decidi tentar apresentá-lo aos franceses e desenvolver uma cadeia de produção sustentável.

 

Porque é que está tão empenhado em proteger o ambiente à sua maneira?

Os meus avós eram pequenos agricultores, pelo que fui exposto desde muito cedo aos problemas associados à produção alimentar e às questões ecológicas conexas. Cresci no campo, rodeado de florestas, e a minha mãe era professora de física e estava muito envolvida no desenvolvimento sustentável. Por isso, desde muito cedo fui sensibilizado para a redução de resíduos, a reciclagem, a compostagem, etc. Além disso, a maior parte da fruta e dos legumes que comíamos vinham da horta. Por isso, o ambiente é um tema que me é particularmente caro.

Em segundo lugar, tal como muitos jovens da minha idade, quero contribuir para um mundo melhor e ter o maior impacto possível para o melhorar. O empreendedorismo pareceu-me a melhor forma de mostrar aos consumidores que as suas compras têm um impacto no mundo e de não estar dependente das instituições governamentais.

 

Duas frases para definir esta aventura?

A destruição da floresta amazónica tem raízes puramente económicas: só valorizando a floresta é que poderemos preservá-la.

O consumidor francês, cuja consciência social e ambiental é muito mais desenvolvida do que a do consumidor brasileiro, pode contribuir para a preservação da Amazónia através do consumo de produtos da sua sociobiodiversidade.

 

O que é que o futuro lhe reserva? Algum projeto futuro?

2023 é um novo ponto de viragem para a Nossa, pois estamos em vias de estruturar a nossa equipa de RSE (Responsabilidade Social Empresarial) no Brasil.

Este tem 2 objectivos: em primeiro lugar, garantir que o nosso trabalho na Amazónia não gera problemas sociais e ambientais, em particular, controlar a utilização de proteção para a colheita, a preservação da biodiversidade e a ausência de desflorestação. Queremos ir ainda mais longe do que as normas de certificação biológica e de comércio justo de que já dispomos.

Em segundo lugar, medir oimpacto positivo que estamos a ter nas populações e ecossistemas tradicionais da Amazónia: aumento do rendimento dos apanhadores, maior envolvimento das mulheres, enriquecimento da biodiversidade em áreas cada vez maiores.

Em 2024, será construída a nossa unidade de produção na Amazónia, que criará muitos postos de trabalho locais.

 

Por último, tem algum conselho a dar a quem queira participar num projeto deste tipo (quer se trate de uma associação ou de uma empresa)?

Para mim, o empreendedorismo é, acima de tudo, uma questão de auto-confiança. É esta confiança que nos diz que podemos mudar o mundo à nossa pequena escala e que nos leva a aceitar os riscos inerentes a uma tal aventura.
Se trabalhar a sua auto-confiança e tiver uma ideia com sentido, vá em frente. Na pior das hipóteses, terá aprendido muito e conhecido pessoas incríveis!

 

 

Agradecimentos a Basil Podcast

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